QUEM SOU EU



Sou uma mulher, sensível de sentimentos puros, que adora as pessoas. Sempre valorizo o ser humano, valorizo a pessoa humana antes de qualquer coisa, não olho se é homem ou mulher, o menino ou menina, a sua condição social nem como pensa, se não como ela sente frente a outros seres HUMANOS.
Meu nome é Selva Luzia. Construo no decorrer dos meus 52 anos o meu castelo, a minha fortaleza vital, desde então tenho aberto muitas portas de meus predicados.
Embora algumas ainda estejam fechadas mantenho a crença de que com minha convicção conseguirei abri-las com o decorrer da minha caminhada.
Tenho a graça de dividir minha vida com meus dois filhos já adultos, e por algum tempo com minha filha, que hora trabalha em outro plano, o espiritual. Aprendi que nem tudo temos o poder de gerenciar, e que existem forças maiores que nós para determinar nossa chegada e nossa partida, e que embora não entendamos muitas coisas devemos vivenciá-las e aprender com elas. A nossa eterna escola....
Sou uma pessoa muito simples, vinda de uma familia bem formada, onde a educação e a formação sempre foram objetivos principais. Criada com princípios éticos fortes, dentro de limites bem determinados, um lar bem organizado e administrado por meus genitores.
Trabalho a nove anos na EMEF Heitor Vala Lobos. Quando lá cheguei observei se tratar de uma escola de porte grande, um CIEM, como trabalhava pela manhã em outra escola também da rede municipal, comecei a comparar as duas realidades. Quem era afinal a população com a qual iria atuar?Que tipo de comunidade seria esta? Para minha surpresa me deparei com crianças cheias de fantasias, carentes de carinho como de resto. É claro que possuíam coisas comuns, como a agressividade. A comunidade era pouco participativa, muito pobre e alto índice de analfabetismo, pude observar também um número expressivo de crianças com deficiências, coisa que justificava a classe especial que ali havia. Logo isso mudou... Com a inclusão foi extinta esta turma dita “especial” e lá estava eu com dois alunos com alguma deficiência junto à turma. Foi um ano fantástico onde pude por a prova não só meus conhecimentos, mas também a minha vontade de superar meus limites.
Decidi ser professora por acreditar ser possível inspirar aqueles que se sentem isolados e enraizados na convivência social e educacional. Acho que o papel do professor é muito mais que gerador de conhecimentos, ele hoje em dia é um instigador, um orientador, um mediador, a pessoa que serve de ligação entre culturas e de elo na realização de sonhos. Muito mais que formar e preparar pessoas estamos por extensão melhorando e qualificando um país.
Hoje em dia me sinto realizada com o que faço. Vejo que não poderia de forma nenhuma exercer outra função. Tenho procurado de diversas formas qualificarem meu desempenho, e com isso tenho conseguido resultados surpreendentes junto às crianças, coisa que me faz muito feliz. Aprendizado é mútuo, a cada dia aprendo mais com eles, as nossas trocas são cada vez maiores. Observei que a maioria das crianças mesmo as pequenas, vem para a escola com alto índice de ansiedade e uma necessidade muito grande de falar, e serem ouvidas. Uma das primeiras coisas que faço é escutá-las e falar com elas sempre olhando nos olhos para que elas tenham a certeza que minha atenção é só delas. Isto melhorou em muito a qualidade da atenção em sala, da auto estima, do respeito mútuo e da amizade entre eles.
Eu tenho ainda muitas coisas a realizar e para isso precisa1vcmos de ousadia e coragem, coisas que nunca me faltaram, estou sempre à procura e aberta a tudo que venha agregar e qualificar meus projetos e nada me faz esmorecer deles, sou uma pessoa que ama o que faz e que acredita que “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Como todo ser humano, eu também tenho meus medos e dúvidas, coisas que muitas vezes me angustiam, sei que tudo que faço é pensando pelo melhor, mas isso é muito relativo. Espero fazer sempre bom uso de todo meu conhecimento, e que realmente ele faça a diferença na vida de quem passe por mim durante minha jornada.
Sinto que a maior dificuldade humana é o convívio com os ditos humanos... E para isso sinto que a palavra diálogo devia ser mais bem explorada. Gosto muito de falar sobre minhas vivências, sobre comportamento humano, suas fraquezas e sinto que falta nos dias de hoje um resgate a valores afetivos, dói muito ver esta correria diária onde a pessoa não tem mais tempo para se olharem, se cumprimentarem e ver que nós somos os focos, somos o que tem de melhor. A melhor maneira de fazermos à diferença em nossa profissão é sermos realmente humana e igual, tanto entre colegas como entre alunos e pensar que cada um dos pequenos que eu ensine alguma coisa, levará coisas minhas, um pouquinho de mim, e que ninguém no decorrer da vida poderá mudar e nem tirar deles.